terça-feira, 14 de junho de 2011

CHUVA DE DENTRO

Saudade de olhar esses pingos

grossos de chuva e sentir o cheiro
da terra molhada invadindo a morada.


Saudade de não dizer nada, ser apenas
aquela mulher que poucos conhecem,
pelo olhar.

Saudade de abraçar a tempestade, como
eu fazia quando menina, e achar lindo a
cor das folhas escurecerem e os troncos
adormecerem encharcados.

Saudade de me misturar nessa chuva
e escorrer pelas ruas, molhar as matas
e os rostos cansados.

Saudade de alguns dias tão presentes
Saudade desse amor maduro que escurece
em meus olhos, toda vez que chove.


Reconheço-me de um verde amanhecido
encharcado pelas águas que me colorem.


by Lu

VELHO CONHECIDO

..Não é dessa dor que eu falo

essas dores conhecidas da carne
é mais parecida com um velho conhecido:
fica, fica...se esquece de levar o agasalho.


Volta tempos depois,
nele se observa o orvalho da coragem:
Quem persiste, um dia se estranha
Tacanha vontade de entender!


Não é dor de passar com o sono,
nem tão alienada, que dela se tenha
medo: é dor esperta que sabe aonde
ferroa...doa a quem doer.


Parece fome, parece náusea
Depois não se parece com
mais nada...é só espuma...


Uma noite assim, carece de amanhecer
sem se lembrar da própria dor.
Acordar sorrindo e dizer:
-Bom dia!




by Lu
(noite insone...)