terça-feira, 11 de novembro de 2008

INTERESSANTE*

Trocar o dia pela noite.
Fazer poesia minguante,
na lua cheia de mistérios.
Tecer destinos...
Tocar o dia, sentir a noite...
Parir meninos e vendavais.
Gemer desatinos...
Construir pontes,
Vencer gigantes...
Tocar desejos, ouvindo sinos...
Engravidar luas minguantes,
parir destinos...

LuciAne

CURA*

Quanto mais eu sinto mais toco silêncios...
Quando o grão é puro, quanto amor eu juro...
Quanto mais eu ouço, mais amor intenso.


Quanto amor eu penso,
quando o grão é duro...
Quanto mais eu planto.
Quando a alma canta,

quanto ardor no pranto...

Quando a boca planta,
tanto amor no canto.
Quanto mais eu vejo teus olhos, entendo:


Que o amor é cura.

Quanto amor eu juro.

LuciAne

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

FOLHEANDO VOCÊ*

Enquanto toco o meu corpo,
reviro os teus olhos.
Respiro os meus dedos,
mordisco a orelha, do livro.
Suspiro os meus meios:
miolo dos teus rabiscos.
Rijos, teimamos lascivos,
desejos caninos...
Famintos, devoramos

a tenra carne dos nossos vícios... de linguagem.

LuciAne

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

IN (DOMÁVEL)

O destino é um desarranjo,
diarréia de passos.
Desaprende quando se desfaz um laço:
de sangue, de morte, de amor.
O destino não é sorte póstuma,
é só desfecho, um desleixo ou um dêsforço.
O destino é um discurso feito ao meio-dia,
é uma boca cheia de fomes,
sobrenomes esquecidos, rasurados.
O destino das minhas linhas está traçado no vento,
no meu par de botas de inverno.
O destino não é céu ou inferno
é apenas um poema sem fim,
desflorecendo uma árvore genial.

LuciAne 09/05/2008

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

OLHOS TRINCADOS


Vasos trincados,roupas sem vincos.

Olhos sem vínculos.

Adormeço antes que você me veja:

uterina.

Antes que você me pegue, nascendo.

Depois que você me perca: menina.


Coisas de sal pela sala, copos sem vidro,

cômodos ruminando atritos, incômodos.

Luzes rastejando...relâmpagos.


Arranco-lhe a roupa,

o mesmo traje que você vestiu: mentindo.


Cenas tão vis, vasos sem flores...

Olhos trincados.

Mulher inseminando...partidas.


LuciAne

**BALBUCIO**


Moe-me um silêncio de alcova.

Palavras mal dormidas na boca,

estalam a língua, precipitipam-se

no ventre-corpo...

No hálito que balbucia

qualquer coisa de nós,

essa palavra sorrateira...

Entrego-me:

Falo qualquer besteira,

e mato no beijo o que eu queria dizer.


LuciAne

domingo, 7 de setembro de 2008

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

ao som de Chico
fico "buarqueando"
meus devaneios


LuciAne

sábado, 6 de setembro de 2008

TAÇAS VAZIAS


Eu e ela... brincamos sempre.
Às vezes brindamos taças vazias,
às vezes sonhando enquanto todos dormem.
Eu e ela...fugimos sempre.
Às vezes pelos corredores da casa,
às vezes roubando luas de madrugadas acesas.
Eu e ela, nos misturamos sempre:
Em aquarelas, em telas surreais do imaginário...

Eu e a poesia, estamos sempre em estado de alerta...

LuciAne

**PULSO


Fico ao teu lado sem relógio,

sem anéis, sem compromissos.


Fico, por motivos que não são tolos,

mas frágeis. Por coisas que doemos juntos,

sem saber que desbotavam...

Fico ao teu lado,como alguém que germina

e se esquece de florescer.

Como uma foto amarelada,

que se esquece de entender...

que as horas passam, mesmo sem relógios.

LuciAne

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

DESEJOS INVOLUNTÁRIOS



Lambia-lhe a face e a outra metade.

Voraz, devolvia-lhe:

suor, sêmem, castidade.


Enroscou-se na sua vontade,

bem na ponta da língua nua...

Ah...saciedade misturada!

Fez, por vaidade.


Despiu-lhe os olhos e a pele,

sem casca, sem cápsulas protetoras:

comeram-se, embriagaram-se...

Gozaram por um vasto minuto de

eternidade, capacitados... pecadores.

Senhores de suas vontades.

LuciAne

ANTI - RÁBICA (POETRIX)

quando eu lavo a alma
a boca espuma:
raiva inunda.

LuciAne

triste INTUIÇÃO


Uma dor um dia me avisou:

antes da hora, antes da morte.

E a razão sobrou na sala,

sozinha amontoada num canto.

E a tristeza sem nome,

que me comia por dentro,

que transpirava dolosa...

Explodiu pela alma,

ainda com cheiro de pólvora.


LuciAne

O meu LUGAR


Eu passei por um lugar,

passei por vários, sem avisar.


Cheguei sem bagagem,

cantei na viagem....

Que eu queria ficar.


Pontes movediças,

Alice sem país das maravilhas...

Dormi ilha, acordei mar...


LuciAne

INconsCIENTE COletivo


Desvendo um horizonte irônico,

embrulhado para presente...será que é meu?

Inconsciente meio em coma,

com fome de vida.


Um horizonte de estrofes,

de escadas e versos nus.

Desvendo um horizonte diferente,

sem enfeites, sem deleites, quase moribundo.


Como esse mundo dá voltas,

prefiro a canção que oriente

os meus sentidos e desoriente

os meus atrevidos modos de

pensar sobre horizontes...

LuciAne

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

AMOR, ESTRANHO AMOR

Beijo os teus olhos,
Arranho a tua pele...
A sede do teu beijo
não passa, seca a garganta.

Arranho os teus olhos,
beijo a tua pele...
A sede do teu corpo
não passa,
molha os meus sonhos.
Grito o teu nome,

e arranhoo meu corpo...

LuciAne

ARREPIOS...


Minha nuca exposta,
Implora o teu beijo...
Minha pele declara arrepios,
Pelos tênues fios do meu corpo.
Apelos, mãos dançando fantasias
De nós dois...
O depois, das taças vazias...
Das bocas satisfeitas.
Poesias perfeitas percorrendo
Nossos braços e pernas,
Nossas fraquezas e tempestades.
Ternas horas...desse sonho bom.


LuciAne

**INDIZÍVEL**


Alguma coisa assim, meio
maluca, meio indizível.
Alguma coisa sensível, que
não caiba em pacotes.
Eu quero assim ,alguma
coisa pequena, que se faça um
Poema de tudo o que houver.
Eu desejo assim, alguma coisa
sem pressa, que acaricie meu
Rosto, e me faça uma prece.
Eu preciso assim, alguma coisa
criança, que soletre esperança
Com a boca cheia de doce.
Eu gosto assim, um amor
pra sonhar, um desejo de
estar, aonde ninguém nunca
Esteve...dentro de você!

LuciAne

**ENVELHECÊNCIA**

Quando eu envelhecer, envelhecerão árvores e afetos ,sustentando essa minha cabeça de vento...Menina- momento, sem hora certa de chegar e partir. Envelhecerei sem véus, com flores nas mãos.Farei poemas olhando luas novas, prateando sulcos na alma...Beberei poesia, de fontes antes não degustadas pela minha impaciência. Escutarei um silêncio bom, na certezado meu grito maduro...mas sempre puro, sempre criança.

LuciAne 07/04/2008

domingo, 31 de agosto de 2008

VISIoNÁRIO

Meu coração anda,
demasiado urbano...
Anda concreto demais,
correndo demais.

Meu coração dispara em ruas,
metrópoles que eu não conheço...
Vendo coisas demais.

Meu coração engarrafa,
demasiado estranho...
Mensageiro demais,
entendendo demais...

LuciAne 31/08/2008

**ZELO (DUETO)


Não confie em mim,
*Agora é tarde...
o meu silêncio é doce.
*Mentira! é pimenta que arde.
Prove o que for capaz, sem me ensinar.
*Provo, provocando, apenas aprendendo.
Dentro de nós, eu já sei...
*E eu apenas imagino...
brincamos de coisas sérias,
*e filosofamos sobre cirandas,
sonhamos sem delirar.
*E projetamos sem construir.
Perverso é vestir suas mãos no meu corpo...
*Perverso é despir suas palavras na minha leitura.
Depois morrer de um frio sobrenatural:
*Não sem antes arder num calor inimaginável:
Posto o que é chama...

*Que seja eterno
Confie, no meu silêncio.

*Como se seu sussurro me trai?


LuciAne & *Mauro Gouvea

POETRIX (TRIPLIX)




CAFÉ FORTE ou um tempo de resquícios


Entre uma fumaça e outra,
aqueço:
borra...o grito escoa.


LuciAne

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FORTE E QUENTE


Na cafeteira ou no coador...
Amor expresso!
Com açúcar, por favor.


Rosa Pena

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CAFÉ REQUENTADO


deito em negro
(pó) de luto
coaDOR *****


Lílian Maial

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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

PÉTALAS EM NOSSAS BOCAS



...E dentro do beijo,um segredo de casca de ovo:

Fino, feito a flor do tempo;

Menino, feito a cor da idade.

Não sobramos e nem partimos.

Nos bastamos, em meio à castidade.

Nada foi deflorado...

Decantamos os nossos pecados.

Nada de nós ficou sem ser tocado, perfumado.

Sumimos, feito dois condenados.

Chovemos em outras manhãs:

nossos corpos, já, sentenciados.


LuciAne

MEIA- NOITE...INTEIRA







prefiro, do nada
a dor de ser tua,
num conto de fada.


LuciAne

O AR DA TUA GRAÇA


Uma palavra no colo,
um ombro no papel.
Um céu derramando remédio.
Um tédio na vidraça, que logo
passa com o ar da tua graça.
Um não querer, que deseja.
Um verso que boceja teu sono de poeta.
O que alivia, é pensante.
O que desarruma, é pulsante.
Fazer o quê?
Se a palavra pula da boca,
e ainda sonolenta, rouca e insensata
alimenta-se do ar, da tua graça...

LuciAne

DOR QUE ARRANHA






Unhas cravadas. Ainda sinto um gosto de amor, se esvaindo.

Ainda pinto um resto de cor no retrato sem dó, que me olha atrevido.

Um gemido nem sempre é de dor, ou de prazer.

Gememos pra esquecer, que um dia fomos atingidos...

Corremos pra dormir o que sonhamos, distraídos.

Um dia só a cicatriz: a unha e o gosto de dor, passarão.


LuciAne

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

PAno PRas MANgas

ela nasceu assim,
madurando frutoS:
chupando até o caroço...

LuciAne

**DOCE VENENO





que seja discreto
o amor que eu sinto:
no rosto, na boca... absinto.

LuciAne

**LINHA IMAGINÁRIA

desejo e corpo,
esmurrando a parede...
você se vai eu morro: de sede.

LuciAne

terça-feira, 26 de agosto de 2008

VÁCUO

Amei...Passei dias amando, como se fossem anos.
Senti flores brotando, como se fossem planos.
Amei...Senti mãos me emprestando viagens eternas,
olhos sondando coragens extremas. Amei...
Entreguei de mim, o que nem sabia.
Esvazie de nós: Vida, morte e poesia.

LuciAne 15/08/2008

SEXTO SENTIDO (POETRIX)

do quarto imploro
dedos quintos,
compondo-me em sextinas...
LuciAne

FLOR DA PELE




A flor da pele perfuma nervos, exala memórias nossas, cheiros ancestrais, misturados. Nessa flor, adormece uma brancura plena.Uma película querendo ser tua, ser morena em teus braços, ser pequena em teus ombros...Uma pele segunda...Uma vontade fecundade ser quimera...Ah! quem me dera ser tua, na candura que floresce em teus olhos...


LuciAne 13/08/2008 15:02

domingo, 24 de agosto de 2008

...QUALQUER COISA DE SILÊNCIO

Um sol morno,telhados escondendo sombras, folhas esmaecendo verdes vivos. No rosto do céu: um adeus breve, sobrevivo...Um descanso das coisas corriqueiras. A tez pálida do mundo, enaltece um silêncio soberbo, quase único. Ruídos meus saem para passear nessa hora, tropeçam na metamorfose dos bancos das praças, e as asas benditas se aninham em minhas folhas mornas.

LuciAne 16/08/200808:34